Geopolítica da Amazônia




A Amazônia ao longo do tempo vem sendo descrita, analisada, estudada, pesquisada, cantada e decantada em verso e prosa, mas no geral, as descrições, as análises e interpretações que se fazem, principalmente no momento atual, geram mais calor do que luz sobre a sua real situação.
As descrições, são em geral sobre a Amazônia e não da Amazônia, para isso bastar-nos perceber que aparecem geralmente três imagens recorrentes sobre a Amazônia: ora a apresentam selvagem – onde prevalece a ideia da natureza como limite da civilização e de domínio humano com uma descrição de lugares que inspira respeito, fascínio e até terror: florestas escuras e rios tempestuosos; outras vezes a apresentam como apocalíptica – haja vista que são previsões da devastação total da área - quase sempre com um fundo visionário e religioso; ademais, temos a visão pastoral onde nos mostram uma natureza serena e acolhedora, em oposição a vida urbana, o campo é o lugar de virtude e da paz.
Nas últimas décadas, tanto no Brasil como no resto do mundo, o debate em torno da preservação da natureza centrou-se em duas correntes de pensamento. De um lado, aqueles que acreditam na necessidade de preservar a natureza mediante o estabelecimento de Unidades de Conservação (UCs) com objetivo de preservar os ecossistemas, sua biodiversidade, além dos seus benefícios sociais e econômicos para a humanidade, por meio de seu aproveitamento para o avanço da ciência e dos serviços ambientais dos espaços naturais. Do outro lado, estão os que sustentam que o objetivo principal das UCs é a promoção do desenvolvimento social e econômico, por meio do aproveitamento sustentável de seus recursos naturais, em benefícios das populações locais.
ideia de progresso e, sua versão mais atual, desenvolvimento é, rigorosamente, sinônimo de dominação da natureza. Se desenvolvido é ser urbano, é ser industrializado, enfim, é ser tudo aquilo que nos afaste da natureza e que nos coloque diante de construtos humanos, como a cidade e a indústria.
Des-envolver é tirar o envolvimento (a autonomia) que cada cultura e cada povo mantém com seu espaço, com seu território. A ideia de desenvolvimento está associada à modernidade – ser moderno é ser desenvolvido, é estar em desenvolvimento. Nesse sentido os países subdesenvolvidos sem que em muitas vezes não se atentem para o significado da palavra subdesenvolvido, esquecem que na própria ideia já está embutido o que seria a sua superação: o desenvolvimento, conforme explica o professor Carlos Walter em sua obra “A Globalização da Natureza e a Natureza da Globalização”.
A Amazônia apresenta, do ponto de vista geopolítico, uma importância impar no cenário mundial, haja vista que possui reservas minerais e de água doce de grandes dimensões, além da mega-diversidade biológica. Fato que leva nações mais desenvolvidas a um olhar com ressalvas e interesses diversos para a região. Nesse sentido, o Plano Colômbia, coordenado pelos Estados Unidos, é bastante preocupante para o futuro da região. A instalação de cinco bases militares dos Estados Unidos no território colombiano fez com que todas as nações próximas ficassem em alerta máximo.
Portanto, a Amazônia no atual cenário geopolítico mundial é um dos lugares mais importantes a ser conquistado, nem tanto pela presença física, mas sim pelo capital que se instala com força total sobre a região, tanto da Amazônia brasileira como da Amazônia dos vizinhos, com raras exceções como é o caso da Venezuela e Bolívia que tentam sair da mira do capital, buscando alternativas políticas, econômicas e sociais que os façam escapar do polvo capitalista.
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